O ufanismo é uma expressão utilizada no Brasil em alusão a uma obra escrita pelo conde Afonso Celso cujo título é Por que me ufano pelo meu país.
O adjetivo ufano provém da língua espanhola e significa a vanglória de um grupo arrogando a si méritos extraordinários. Portanto, no caso do Brasil, pode-se afirmar que o ufanismo é a atitude ou posição tomada por determinados grupos que enaltecem o potencial brasileiro, suas belezas naturais, riquezas e potenciais.
Na verdade os ufanistas acabavam por extrapolar ao se vangloriar desmedidamente das riquezas brasileiras, muitas vezes expondo a si e ao país uma situação que seria interpretada por outros como jactância, basófia e vaidade.
Ditadura militar 1964/85
Durante o regime militar instaurado pelo movimento político-militar de 1964, o governo passou a usar de propaganda ufanista para conseguir a simpatia do povo e induzi-los a uma sensação de otimismo generalizado, visando a esconder os problemas do regime militar.
Foi nesta época que surgiram, então, os lemas e as músicas de apoio ao governo. As pessoas (principalmente as crianças) eram incentivadas a usar adesivos "Brasil: Ame-o ou deixe-o!" nas janelas dos automóveis, de casa etc.
As músicas ufanistas
Alguns artistas faziam papel de garotos-propaganda do regime, dentro dessa política de incentivo ao otimismo. Um bom exemplo foi a dupla Dom e Ravel, que fez naquela época a música "Brasil eu te amo".
"As praias do Brasil ensolaradas,
O chão onde o país se elevou,
A mão de Deus abençoou,
Mulher que nasce aqui tem muito mais amor.
O céu do meu Brasil tem mais estrelas.
O sol do meu país, mais esplendor.
A mão de Deus abençoou,
Em terras brasileiras vou plantar amor.
Eu te amo, meu Brasil, eu te amo!
Meu coração é verde, amarelo, branco, azul anil.
Eu te amo, meu Brasil, eu te amo!
Ninguém segura a juventude do Brasil.
As tardes do Brasil são mais douradas.
Mulatas brotam cheias de calor.
A mão de Deus abençoou,
Eu vou ficar aqui, porque existe amor.
No carnaval, os gringos querem vê-las,
No colossal desfile multicor.
A mão de Deus abençoou,
Em terras brasileiras vou plantar amor.
Adoro meu Brasil de madrugada,
Nas horas que estou com meu amor.
A mão de Deus abençoou,
A minha amada vai comigo aonde eu for.
As noites do Brasil tem mais beleza.
A hora chora de tristeza e dor,
Porque a natureza sopra
E ela vai-se embora, enquanto eu planto amor."
Era comum a execução de hinos do regime, como este:
"Este é um país que vai pra frente
Rô Rô Rô Rô Rô
De uma gente amiga e tão contente
Rô Rô Rô Rô Rô
Este é um país que vai pra frente
Rô Rô Rô Rô Rô
É um país que canta, trabalha e se agiganta
É o Brasil de nosso amor!"
Ou ainda:
"Nós crianças no Brasil desde cedo entendemos
Como é bom participar do progresso do país
Trá lá lá lá lá lá lá lá lá lá
O dever de construir não é só de nossos pais
Vamos todos contribuir
Usar o esforço para o bem de todos
É o que faz o país progredir
Pois o futuro desta nação
Pertence às crianças do Brasil.
Ufanismo no futebol
No futebol também foi usado o ufanismo com o mesmo objetivo. Na copa do mundo de 1970, surgiu então o hino "Pra Frente Brasil", usado até hoje, com pequenas variações (quando fala da população):
"Noventa Milhões em Ação
Pra Frente Brasil
Do Meu Coração
Todos juntos vamos
Pra Frente Brasil
Salve a Seleção
De repente é aquela corrente pra frente
Parece que todo Brasil deu a mão
Todos ligados na mesma emoção
Tudo é um só coração
Todos juntos vamos
Pra frente Brasil! Brasil !
Salve a seleção!