Este Poema mostra a angústia e o medo de morrer de um grande poeta brasileiro , Manuel Bandeira. Ele Fica tuberculoso aos 18 anos e leva uma vida privada das diversões e boemias.Começa a escrever sobre seus desejos que não podem serem realizados por causa da sua doença.Cria um País imaginário onde ele seja importante e livre para fazer o que quiser sem consequências com muitas mulheres ,bebedeiras e extravagâncias.Lembra da infância das histórias de Rosa e até da dificuldade de respirar quando fala que lá pode fazer ginástica, andar de bicicleta, montar um burro brabo e subir no pau de sebo. Apesar do Poeta esperar pela morte a cada dia morre somente aos 81 anos.
Por: Eliane O
Manuel BandeiraVou-me embora pra Pasárgada
Lá sou amigo do rei
Lá tenho a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra PasárgadaVou-me embora pra Pasárgada
Aqui eu não sou feliz
Lá a existência é uma aventura
De tal modo inconsequente
Que Joana a Louca de Espanha
Rainha e falsa demente
Vem a ser contraparente
Da nora que nunca tiveE como farei ginástica
Andarei de bicicleta
Montarei em burro brabo
Subirei no pau-de-sebo
Tomarei banhos de mar!
E quando estiver cansadoDeito na beira do rio
Mando chamar a mãe-d’água
Pra me contar as histórias
Que no tempo de eu menino
Rosa vinha me contar
Vou-me embora pra PasárgadaEm Pasárgada tem tudo
É outra civilização
Tem um processo seguro
De impedir a concepção
Tem telefone automático
Tem alcalóide à vontade
Tem prostitutas bonitas
Para a gente namorarE quando eu estiver mais triste
Mas triste de não ter jeito
Quando de noite me der
Vontade de me matar
— Lá sou amigo do rei —Terei a mulher que eu quero
Na cama que escolherei
Vou-me embora pra Pasárgada.
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