24 de nov. de 2015
22 de nov. de 2015
17 de nov. de 2015
RESUMO DO FILME MATRIX
Matrix traz à tela, na sua polissemia, algumas histórias. William Irwin, neste artigo, aponta a presença de uma clara imagem bíblica e compara a história de Neo à de Sócrates, destacando várias semelhanças. O herói intelectual que paga com a vida a sua persistente busca é talvez a similitude maior.
O oráculo, as consultas e a epígrafe comum entre o Templo de Delfos e a casa de subúrbio de Matrix, não deixam dúvidas sobre a pretensão dos irmãos Wachowski. O diálogo entre o Oráculo e os tripulantes da nave Nabucodonosor é socrático. As respostas são elusivas e provocam mais dúvidas do que certezas. A sabedoria de Delfos pode ser captada nos diálogos e nas imagens. Nada em excesso é uma das lições: Pegue um biscoito, o Oráculo diz a Neo, e não pegue alguns biscoitos ou pegue quantos biscoitos seu coração desejar. Neo não é “o” Escolhido – ele tem que se tornar “O Escolhido”. Dependerá dele, e somente dele, esta transformação. Neo precisa auto-conhecer-se.
Irwin lembra outro grande momento da filosofia grega: o mito platônico da caverna. A prisão pra a mente, citada por Morpheus no diálogo com Neo, é a imagem do prisioneiro da caverna platônico. Tanto na Matrix como na caverna os prisioneiros não sabem que são prisioneiros e nem desconfiam que exista outra realidade além daquela em que vivem. Um dia, porém, um deles é libertado das correntes e levado ao mundo exterior e, sob a luz do sol, vê as coisas como elas realmente são. Em vez de egoisticamente permanecer lá fora, o prisioneiro volta para contar aos outros, que retribuem seu gesto de bondade com zombarias e resistência, acreditando que ele ficou louco.
Sócrates, professor de Platão, é a figura do prisioneiro que volta, é estigmatizado como louco e morre por não querer voltar ao mundo da ilusão. Há um paralelo com a história de Neo, que um dia se liberta de Matrix para vislumbrar “o deserto do real”. A filosofia platônica do contraponto entre o conhecimento e a realidade, entre a matéria e a forma, a percepção pelo intelecto e pelos sentidos, perpassam por todo o filme. Neo também aprende que o intelecto é mais importante que os sentidos. A mente é mais importante que a matéria. Quando a Platão, o físico não é tão real quanto a Forma; por isso, para Neo, “não existe colher”. A forma – o ideal platônico – é representada pelo déjà vu. E o “déjà vu” não é evidência de uma falha na Matrix, e sim uma recordação (anamnesis) das Formas.
Ao escolher a pílula vermelha, Neo segue o caminho menos percorrido, o caminho da audácia e da inconformação. Irwin lembra o poema de Robert Frost: Escolhi o caminho menos percorrido / E isso fez toda a diferença. Escolher é o verbo predileto de Morpheus.
O oráculo, as consultas e a epígrafe comum entre o Templo de Delfos e a casa de subúrbio de Matrix, não deixam dúvidas sobre a pretensão dos irmãos Wachowski. O diálogo entre o Oráculo e os tripulantes da nave Nabucodonosor é socrático. As respostas são elusivas e provocam mais dúvidas do que certezas. A sabedoria de Delfos pode ser captada nos diálogos e nas imagens. Nada em excesso é uma das lições: Pegue um biscoito, o Oráculo diz a Neo, e não pegue alguns biscoitos ou pegue quantos biscoitos seu coração desejar. Neo não é “o” Escolhido – ele tem que se tornar “O Escolhido”. Dependerá dele, e somente dele, esta transformação. Neo precisa auto-conhecer-se.
Irwin lembra outro grande momento da filosofia grega: o mito platônico da caverna. A prisão pra a mente, citada por Morpheus no diálogo com Neo, é a imagem do prisioneiro da caverna platônico. Tanto na Matrix como na caverna os prisioneiros não sabem que são prisioneiros e nem desconfiam que exista outra realidade além daquela em que vivem. Um dia, porém, um deles é libertado das correntes e levado ao mundo exterior e, sob a luz do sol, vê as coisas como elas realmente são. Em vez de egoisticamente permanecer lá fora, o prisioneiro volta para contar aos outros, que retribuem seu gesto de bondade com zombarias e resistência, acreditando que ele ficou louco.
Sócrates, professor de Platão, é a figura do prisioneiro que volta, é estigmatizado como louco e morre por não querer voltar ao mundo da ilusão. Há um paralelo com a história de Neo, que um dia se liberta de Matrix para vislumbrar “o deserto do real”. A filosofia platônica do contraponto entre o conhecimento e a realidade, entre a matéria e a forma, a percepção pelo intelecto e pelos sentidos, perpassam por todo o filme. Neo também aprende que o intelecto é mais importante que os sentidos. A mente é mais importante que a matéria. Quando a Platão, o físico não é tão real quanto a Forma; por isso, para Neo, “não existe colher”. A forma – o ideal platônico – é representada pelo déjà vu. E o “déjà vu” não é evidência de uma falha na Matrix, e sim uma recordação (anamnesis) das Formas.
Ao escolher a pílula vermelha, Neo segue o caminho menos percorrido, o caminho da audácia e da inconformação. Irwin lembra o poema de Robert Frost: Escolhi o caminho menos percorrido / E isso fez toda a diferença. Escolher é o verbo predileto de Morpheus.
8 de nov. de 2015
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