A narrativa de “A Menina morta” se passa em uma grande fazenda de café no Vale do Paraíba, São Paulo. No terreno em que ela se situa encontram-se cerca de trezentos escravos e diversos agregados.
A abolição da escravatura está próxima e todos começam a sentir a proximidade da mudança social e econômica que isto irá causar. Enquanto isso, os senhores da fazenda estão passando por dramas íntimos e qualquer morador da fazenda é proibido de comentar sobre o assunto, o orgulho e o amor-próprio é o que move os senhores. Estes tem uma filha que morre precocemente em circunstancias misteriosas.
Na primeira parte do livro, a “menina morta” é a representação da criança que seria o motivo da reconciliação humana em meio aquela paisagem e da presença da diferença entre a pobreza e a riqueza que poderiam ser superadas. Com sua morte este símbolo é punitivo sobre todos e sua missão de inspirar perdão e bondade se perde junto com ela. Nesta parte a lembrança da menina perdura, sempre sendo lembrada em seu retrato a óleo que fica pendurado na parede.
Na segunda parte sua ausência é preenchida com o retorno de sua irmã que sobreviveu, e durante um processo mental misterioso ela é confundida com sua irmã, fica no lugar dela e se torna herdeira da fazenda. Os pais são ausentes e sua mãe se encontra com debilidades físicas e mentais.
Este livro narra um romance psicológico. A mãe debilitada faz contraste com a fazenda que começa a se degradar com o fim da escravidão.O detalhismo é outro fator presente na obra, assim como a busca frustrada pelo sentido da vida. O autor privilegia a figura feminina, algo até então inédito. “A Menina Morta” foi publicado em (1954).